Jornadas Europeias do Patrimônio 2023: entre o esporte e a memória

Criadas em 1984 pelo Ministério da Cultura francês, as Jornadas do Patrimônio têm o objetivo de mostrar ao público a riqueza extraordinária do patrimônio, monumentos e locais, graças às aberturas excepcionais, encontros inéditos e visitas insólitas. Em 1985 estas Jornadas se tornaram europeias e são, ainda hoje, internacionais: mais de 50 países participam ao redor do mundo, mantendo o princípio da gratuidade nos monumentos públicos e tarifas reduzidas nos estabelecimentos privados que escolhem fazer parte da manifestação.

Manter viva a memória dos gestos através dos lugares

Para cada edição das Jornadas Europeias do Patrimônio, um ou mais temas são escolhidos para propor um novo ângulo sob o qual apresentar as riquezas do patrimônio. Depois do patrimônio sustentável em 2022, este ano a ênfase é para o patrimônio vivo. Mas o que exatamente seria “patrimônio vivo”? Como explica a página do evento, serão prestadas homenagens às práticas, expressões, conhecimentos e saberes transmitidos de uma geração a outra. O patrimônio vivo é assim “recriado em permanência”, na forma de músicas, danças, rituais, festas, artesanato tradicional, além de conhecimento ligado à natureza e ao Universo. Cada um de nós, destaca o site, pode também contribuir para “preservar alguns destes patrimônios vivos que foram transmitidos por sua família ou ao longo de suas interações sociais e culturais”. E, na medida em que essas práticas “são, às vezes, associadas a objetos, paisagens ou monumentos”, o patrimônio vivo lhes dá sentido.

A escolha deste tema se relaciona com o 20º aniversário da Convenção da UNESCO para a proteção do patrimônio cultural imaterial que “traz reconhecimento internacional às práticas comuns”, testemunhando uma verdadeira diversidade cultural. Transmitir o patrimônio vivo às gerações futuras é também multiplicar as ações de proteção, contribuindo para um desenvolvimento sustentável.

Memória e atualidade do esporte

O outro tema, de mais simples apreensão, tange o patrimônio do esporte que se situa na perspectiva da Olimpíada Cultural, um evento que mistura a arte e o esporte através de milhares de ações organizadas por toda a França, em um preparativo para a grande festa dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Paris 2024.

Se o patrimônio dos esportes “se desenvolveu com o aumento das práticas esportivas (evolução de práticas antigas ou de novas práticas), principalmente no início do século XX”, como afirma o site das Jornadas, ele não poderia estar mais vivo do que na véspera deste ano olímpico! A Olímpiada Cultural tem a ambição de envolver todo o povo francês, de todos os territórios, na participação da Grande Coleta de arquivos do esporte. Fotos, pôsteres e artigos de jornal, por exemplo, serão recuperados neste processo. Estes documentos serão, em seguida, classificados e valorizados de diferentes maneiras: exposições, ateliers, ou mesmo ações de educação artística e cultural. As Jornadas Europeias do Patrimônio, com seu tema do patrimônio do esporte, estão plenamente inscritas neste projeto, conduzindo-o. 

Um ideal cultural compartilhado em toda a Europa

Além dos dois temas escolhidos pela França, em todo o mundo, “o patrimônio se enfeita em seus belos arredores para estas jornadas excepcionais”.

Na Europa, as informações sobre as políticas culturais europeias, assim como o conjunto de programas por país, poderão ser consultadas no site do Conselho da Europa.

O Conselho da Europa evidencia o caráter pan-europeu deste projeto que contribui com “a aproximação dos cidadãos e exibe a dimensão europeia do patrimônio cultural nos 50 Estados signatários da Convenção Cultural Europeia”. Mais de 70.000 eventos são organizados a cada ano em toda a Europa, a fim de contribuir com a conscientização do valor deste patrimônio comum e “a necessidade de sua conservação para as gerações presentes e futuras”.