Descubra o ensino superior na França
Na França, o ensino superior oferece inúmeras formações acessíveis aos estudantes estrangeiros, que falam francês ou não. Descubra os colégios, as universidades e as Grandes Écoles que estão de portas abertas.
OFERTA DIVERSIFICADA DE FORMAÇÕES SUPERIORES
O ensino superior francês compreende 2,5 milhões de estudantes, dos quais 12% são estrangeiros. Todos desfrutam de uma oferta de formações muito diversificada e realizam estudos em todas as áreas e todos os níveis.
A França possui mais de 3.500 instituições públicas e privadas de ensino superior: 72 universidades, 25 grupos de universidades e instituições, 271 escolas de pós-graduação, 227 escolas de engenharia, 220 escolas de comércio e gestão, 45 escolas superiores e públicas de arte, 22 escolas de arquitetura e 3.000 escolas e institutos privados.
Dentre os 3.000 colégios da França, alguns promovem cursos preparatórios para as Grandes Écoles (CPGE – classes préparatoires aux grandes écoles), outros, seções de técnico superior (STS – sections de techniciens supérieurs), ou preparam para o diploma nacional Brevet de technicien supérieur (BTS).
Mais de 1.600 formações são oferecidas em língua inglesa. Consulte-as no catálogo de cursos ministrados em inglês. São também propostos aos alunos estrangeiros cursos de curta duração que combinam a aprendizagem da língua francesa com passeios culturais. Eles estão detalhados no catálogo de cursos de curta duração e no nosso aplicativo Immersion France.
Há cada vez mais cursos à distância (MOOC) em francês. Por trás da sigla FUN (France Université Numérique – França Universidade Digital) está a primeira plataforma francesa de cursos on-line. Ela disponibiliza cerca de 300 aulas, oferecidas por mais de 80 instituições, e possui aproximadamente um milhão de inscritos.
A universidade decide a modalidade de admissão mais adequada com base no perfil e percurso educacional do estudante: a formation initiale constitui o percurso clássico, voltado aos alunos que seguem diretamente os estudos após a conclusão do ensino médio ou graduação, sem grandes interrupções. Já a formation continue é voltada para as pessoas que já estão inseridas no mercado de trabalho e desejam retomar ou complementar seus estudos.
CALENDÁRIO UNIVERSITÁRIO
Na França, o ano letivo começa no mês de setembro ou outubro, de acordo com cada instituição e formação. Ele é pontuado por férias, com duas semanas para as festas de final de ano. Ao fim do primeiro semestre, há um curto período de interrupção das aulas para a aplicação dos exames finais. As férias de verão começam em maio ou junho, após as avaliações do segundo semestre, e geralmente duram pelo menos dois meses.
FORMATOS DE AULA NO ENSINO SUPERIOR FRANCÊS
Nas universidades francesas, os professores e pesquisadores propõem dois tipos de aula aos alunos:
- Aulas Magistrais (CM – cours magistraux): Ministrados em um anfiteatro de capacidade para 100 a 1000 alunos, os cours magistraux são aulas unicamente expositivas nas quais o estudante apenas toma nota da matéria. Ao fim do curso, o professor disponibiliza uma apostila para que os alunos possam se preparar para os exames finais.
- Trabalhos Dirigidos (TD – travaux dirigés) e Trabalhos Práticos (TP – travaux pratiques): São aulas ministradas em salas menores, para um número limitado de alunos. Estes tipos de aulas ilustram e complementam os cours magistraux através da prática e do aprofundamento dos conhecimentos teóricos. A presença nos TD e TP é obrigatória e podem ser incluídos estágios em empresas.
A AVALIAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS UNIVERSITÁRIAS
Existem dois tipos de avaliação no ensino superior francês. A avaliação contínua permite validar os conhecimentos adquiridos ao longo do ano por meio de avaliações regulares sobre cada conteúdo ensinado. Os exames finais acontecem em dois períodos no ano, ao final de cada semestre, e abrangem o conteúdo como um todo.
NÍVEL DE FRANCÊS EXIGIDO PARA OS ESTUDANTES ESTRANGEIROS
Se você fizer um curso ministrado em língua inglesa, o domínio do francês não é obrigatório. No entanto, a instituição poderá testar o seu nível de inglês.
Por outro lado, se você for acompanhar aulas em língua francesa, saiba que os estudantes estrangeiros devem apresentar um documento atestando seu nível de francês. Você pode obtê-lo fazendo um teste oficial de francês, como o DELF, o DALF, o TCF ou o TEF. A referência comum é o Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (CECRL). Ficam dispensados os estudantes estrangeiros que obtiveram um diploma bacclauréat francês em uma instituição da AEFE – Agência para o Ensino de Francês no Exterior (Agence pour L’Enseignement du Français à L’Étranger).
O nível B1 ou B2 é desejável para estudos de graduação e mestrado, especialmente nas áreas de ciências humanas e sociais. O nível B2 é exigido para o ingresso no primeiro ano da graduação, realizado através do procedimento DAP Blanc (demande d’admission préalable), e para a admissão em escolas de arquitetura (DAP Jaune). Certas instituições francesas de ensino superior podem exigir um nível superior, C1 ou C2, para formações específicas.
Universidades: ensino superior para todos
As universidades recebem 75% dos estudantes estrangeiros que escolheram a França para seus estudos superiores. Estas instituições públicas de ensino superior são financiados pelo Estado francês. Distribuídas por todo território, as universidades emitem diplomas nacionais (Licence, Master, Doctorat).
A admissão em primeiro ano é aberta aos titulares do baccalauréat francês ou acesso estrangeiro equivalente, como o vestibular ou SISU no Brasil. Ciências, letras, línguas, artes, ciências humanas, saúde, esporte – as formações na universidade abrangem a maior parte das áreas do conhecimento.
Grandes Écoles: cultura de excelência à la française
No total, 20% dos estudantes estrangeiros realizam cursos nas grandes escolas. Écoles normales supérieures (ENS), Institut d’études politiques (IEP), escolas de engenheiros, escolas de comércio e gestão, escolas veterinárias e demais escolas. As grandes escolas são estabelecimentos de ensino públicos ou privados reconhecidos pelo Estado que emitem diplomas de nível bac+5, alguns deles conferem o nível de pós-graduação (Master). Nestas instituições, diversas formações podem ser oferecidas ministradas em inglês.
A admissão nas Grandes Escolas é bastante seletiva e pode acontecer por concurso após dois anos de classe preparatória, por análise de diplomas e percurso acadêmico ou diretamente após o baccalauréat ou equivalente no caso das escolas que propõem um ciclo preparatório integrado. O custo das formações e processo de candidatura são mais elevados em relação aos praticados pelas universidades.
Escolas e institutos especializados: formações específicas
Aproximadamente 3.000 instituições de ensino superior públicos e privados propõem cursos em setores específicos como audiovisual, comunicação, jornalismo, moda, design, gastronomia, hotelarias, entre outros.
Estes estabelecimentos emitem diplomas e certificados reconhecidos pelo Estado ou validados pelo repertório de formações profissionais. A admissão instituições é feita através de concurso ou dossiê. A duração dos estudos é, geralmente, de dois a cinco anos.
Escolas superiores de arte e artes aplicadas
Na França, aproximadamente 50 escolas públicas superiores de arte e design dependem diretamente do Ministério da Cultura. As formações na área de arte, design e comunicação são organizadas em ciclos de três ou cinco anos de estudos, cada qual concedendo um nível de diplomas nacional. Algumas oferecem, igualmente, um terceiro ciclo para aprofundamento.
Quatro escolas públicas de arte, bastante reconhecidas, dependem diretamente do Ministério do Ensino Superior: as escolas Boulle, Olivier de Serres, Duperré e Estienne. Elas concedem diplomas nacionais nos domínios do design gráfico, o design espacial, moda ou profissões artísticas.
Algumas escolas privadas ou ligadas às câmaras de comércio e da indústria emitem seus próprios diplomas. Algumas são registradas no Repertório nacional de certificações profissionais (RNCP). A seleção destes estabelecimentos de ensino superior de arte e artes aplicadas é bastante seletiva e a análise é feita através de dossiê, concurso e/ou entrevistas. As candidaturas podem ser feitas online no site Campus Art.
Escolas nacionais superiores de arquitetura (ENSA)
As escolas nacionais superiores de arquitetura fazem parte de uma rede de 20 escolas públicas que estão sob a dupla tutela dos ministérios da Cultura e do Ensino Superior, da Pesquisa e da Inovação. Duas outras instituições, a École spéciale d’architecture e o Institut national des sciences appliquées de Strasbourg, fazem parte desta mesma rede e emitem diplomas equivalentes.
As escolas de arquitetura propõem três ciclos de formações que emitem diplomas nacionais reconhecidos pelo Estado: licence, master e doctorat. Para conhecer a estrutura da formação de arquitetura e os ciclos de estudos, acesse aqui.
O SISTEMA EUROPEU L-M-D: PADRONIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR
O sistema LMD é adotado em grande parte dos países da União Europeia e organiza os estudos superiores em três ciclos: o primeiro sendo correspondente à Licence, o segundo correspondente ao Master e o terceiro e último correspondente ao Doctorat. Tal organização facilita o reconhecimento dos diplomas entre os países da União europeia e do mundo.
O nível L (1º ciclo) corresponde à obtenção do diploma de Licence. É acessível após o Baccalauréat francês ou acesso estrangeiro equivalente, como o vestibular ou SISU no Brasil, concluindo-se em três anos de formação e totalizando 180 créditos ECTS.
Já o nível M (2º ciclo) corresponde ao diploma de Master, com duração ideal de dois anos, totalizando 120 créditos ECTS. O primeiro ano (M1) constitui uma base comum de formação e, no segundo ano (M2), o estudante pode escolher entre diferentes focos pedagógicos. A via de pesquisa (Master Recherche), voltada à carreira acadêmica, prepara o estudante para o Doctorat, enquanto a via profissional (Master Professionnel), equivalente a uma especialização, é voltada para a inserção no mercado de trabalho e inclui a realização de estágios obrigatórios com duração de três a seis meses no segundo semestre. Em alguns casos, a formação pode ser oferecida como Master Indifférencié, combinando características das duas vias.
É importante também considerar o ritmo da formação, ou seja, como o tempo de estudos será organizado. Existem duas grandes possibilidades: as formações em tempo integral (à temps plein) e as formações em alternância (en alternance).
O Master en alternance tem ganhado destaque por possibilitar a combinação entre formação acadêmica e experiência profissional. Nessa modalidade, o estudante alterna períodos na instituição de ensino e na empresa dentro de uma mesma semana, como por exemplo dois dias na empresa e três dias na universidade. Entretanto, para estudantes que precisam solicitar o visto de estudante, é necessário verificar se o curso é de fato oferecido nesse formato. Além disso, para esse projeto, é necessário apresentar, já na etapa pré-consular, um contrat d’apprentissage devidamente assinado tanto pela empresa quanto pela instituição de ensino francesa. Vale destacar que existem formações em alternância também em programas de Licence Professionnelle e o BTS (Brevet de Technicien Supérieur), mas não são acessíveis a estudantes estrangeiros primo-arrivants. Mais informações
Por último, é importante ressaltar que esse projeto de estudos em alternância não se opõe à formation initiale, uma vez que o primeiro termo diz respeito à organização do curso, enquanto o segundo se refere à modalidade de inscrição com base no percurso do estudante. O estudante pode sempre verificar a possibilidade de realizar seu mestrado no formato clássico, à temps plein, dedicando-se integralmente às aulas, seminários e eventuais estágios obrigatórios.
Por sua vez, o nível D (3º ciclo) corresponde ao diploma de Doctorat, integralizando 180 ECTS em três anos de estudos superiores. Para obtenção do diploma de Doctorat, o estudante deverá redigir uma tese sobre um tema específico, além de realizar seminários e estágios de pesquisa.
Os semestres de estudos compõem a organização do ciclo correspondente. Cada semestre cumprido permite a validação de 30 créditos ECTS (European Credits Tranfer System) que podem ser aproveitados de um país para outro. Cada ECTS corresponderia a cerca de 25 horas de estudos.
Equivalência entre diplomas franceses e brasileiros
Entre a França e o Brasil não existe um acordo bilateral que revalida automaticamente os diplomas entre os dois países. Cada estabelecimento define seus próprios critérios para a admissão de um candidato, em função de seu percurso acadêmico e profissional.
O centro ENIC-NARIC pode fornecer um atestado que indica a equivalência de um diploma obtido no exterior com relação aos diplomas franceses. É importante saber que esse atestado não é a revalidação de estudos, mas sim um atestado que reconhece seu percurso acadêmico no exterior e que pode ser exigido em alguns estabelecimentos de estudos superiores franceses.
Valorização da experiência profissional
Na França, é possível acessar uma formação universitária a partir da validação das experiências pessoais e profissionais. Existem dois procedimentos para isso: a VAP 85 e a VAE. A primeira, permite o acesso direto a uma formação universitária após a validação do percurso e experiências profissionais prévias. A segunda permite ao estudante a obtenção integral ou parcial de um diploma certificando seus conhecimentos.
Para solicitar um VAP ou VAE, o candidato deve entrar em contato direto com o setor de validação da universidade francesa e preencher um dossiê que será apresentado a um júri.
Diplomas reconhecidos e garantidos pelo Estado
Na França, dizer que um diploma é reconhecido pelo Estado significa que o diploma possui um valor nacional.
Os mais amplamente reconhecidos são aqueles que recebem o “selo do Estado”. Predominantemente, existem os selos de diploma controlado pelo Estado francês (diplôme contrôlé par l’État), fornecidos por universidades públicas ou instituições privadas autorizadas com valor acadêmico em todo o país. Além disso, também é possível encontrar o selo de diploma visado pelo Estado (diplôme visé par l’État), que é emitido por escolas privadas que passaram por avaliação do Ministério e receberam autorização oficial.
Além desses, existem as formações com foco mais profissionalizante, que não recebem necessariamente esses selos acadêmicos, mas podem ser reconhecidas por meio de um registro no RNCP (Répertoire National des Certifications Professionnelles), controlado pelo Ministério do Trabalho, garantindo a legitimidade da formação no mercado profissional francês.
Para outros tipos de instituições superiores, como as grandes escolas de comércio e gestão ou de engenharia, a qualidade das formações e diplomas pode ser garantida por organismos independentes que atribuem certificações e selos.
OS DIPLOMAS CONTROLADOS PELO ESTADO FRANCÊS
Na França, os diplomas controlados pelo Estado atestam a qualidade das formações através do reconhecimento do Estado francês. Nessa categoria, estão os seguintes diplomas:
- Diplomas nacionais: Brevets de Technicien Supérieur (BTS), Bachelors Universitaires de Technologie (BUT), licences e licences professionnelles, masters e doctorats oferecidos por universidades públicas francesas;
- Titre d’ingénieur, que corresponde ao nível de Master, expedido pela CTI (Comission des Titres d’Ingénieurs);
- Diplomas de grandes escolas de comércio e gestão que possuam o visto da CEFDG (Comission d’Évaluation des Formation et Diplômes de Gestion – Comissão de Avaliação das Formações e Diplomas de Administração);
- Formações específicas (arquitetura, artes, ciências políticas, etc.) com visto do Ministério do Ensino Superior, da Pesquisa e da Inovação francês.
Ainda na França, existem alguns diplomas de ensino superior que não são reconhecidos pelo Estado francês. Esse tipo de diploma de ensino superior levará apenas o nome da instituição que o expediu. A falta de reconhecimento pelo Estado francês não impede que esse diploma seja aceito no mercado de trabalho, porém não terá a equivalência formal necessária para a continuação dos estudos no próximo nível de ensino.
AS CERTIFICAÇÕES PARA GRANDES ESCOLAS DE COMÉRCIO E GESTÃO
As certificações servem de garantia de qualidade das formações e diplomas expedidos por uma instituição. Para as grandes escolas de comércio e gestão, quem emite as certificações são associações e fundações independentes e particulares, tais como:
- AACSB: Association for the Advancement of Collegiate Schools of Business;
- AMBA: Association of MBAs;
- EFMD: European Foundation for Management Development.
O processo de certificação é longo e muitas vezes demanda um alto custo para instituições que o solicitam. As certificações geralmente são válidas por períodos de 3 a 6 anos.
SELOS PARA ENGENHARIA E GRANDES ESCOLAS DE COMÉRCIO E GESTÃO
Os selos (labels) são indicadores confiáveis para avaliar a qualidade de uma formação ou de uma instituição. Para formações de ciência da engenharia (sciences de l’ingénieur) existem dois selos:
- EUR-ACE: Accreditation of European Engineering Programs;
- QUESTE: Quality System of European Scientific and Technical Education
A Conférence des Grandes Écoles (CGE) atribui dois selos específicos às grandes escolas de comércio e gestão:
- O mastère spécialisé (MS) certifica um nível de formação equivalente a 6 anos de estudos superiores enquanto especialização pós-master. É reservado para escolas de gestão, escolas de engenharia e a para algumas grandes instituições como o Conservatoire national des arts e métiers (CNAM).
- O Master of Science (MSc) é atribuído para formações de nível bac + 5 (5 anos de estudos superiores) em escolas de gestão ou escolas de engenharia. Fortemente orientados para o âmbito internacional, essas formações são geralmente oferecidas em inglês e são direcionadas para estudantes estrangeiros.
