
Restauração da Notre-Dame de Paris: um imenso local de trabalho científico e técnico
"Notre-Dame da Pesquisa". Com um toque de impertinência, é sob este título que o CNRS propõe em seu site um dossier sobre a reconstrução da Notre-Dame de Paris. A poucos meses de sua reabertura ao público, após o terrível incêndio que devastou este emblemático monumento nacional há cinco anos, o Centro Nacional de Pesquisa Científica retorna através de uma série de artigos e pequenos vídeos para destacar os extensos trabalhos que mobilizaram toda a comunidade de pesquisa francesa desde 15 de abril de 2019.
É no CNRS-Le Journal, um site de informação científica destinado ao público em geral, que o Centro Nacional convida seus leitores a uma "viagem ao coração deste imenso local de trabalho científico e técnico" que representou e ainda representa a restauração da catedral de Notre-Dame de Paris. Desde as primeiras descobertas feitas após o incêndio até a recriação de um "duplo virtual do edifício", passando pelo inventário dos destroços e da estrutura, a opinião dos especialistas sobre os materiais utilizados ou a digitalização do monumento, tudo é explorado para compreender até que ponto a reconstrução do edifício, um desafio em cinco anos, representou para a ciência uma fonte inestimável de informações.
Um duplo digital
"Adentre os bastidores da aventura científica iniciada logo após o incêndio ao redor da catedral desnudada". É assim que se abre este dossier que reuniu contribuições de especialistas do CNRS e do Ministério da Cultura, em parceria com a entidade pública responsável pela conservação e restauração da catedral de Notre-Dame de Paris.
Esta aventura começa com uma visita à Notre-Dame em realidade virtual. Após o incêndio que devastou a catedral, os vestígios de Notre-Dame de Paris foram totalmente digitalizados por pesquisadores do CNRS. Assim, através de um vídeo, pode-se "imersar-se no duplo virtual do edifício", sendo transportado para o coração de um "modelo em tamanho real", no qual os cientistas podem estudar materiais destruídos ou partes inacessíveis do monumento.
Como explicou o CNRS, o projeto de restauração da Notre-Dame de Paris foi acompanhado por um "vasto projeto científico envolvendo cerca de cinquenta equipes de pesquisa". A partir de outro vídeo, parcialmente filmado no local danificado da catedral, pode-se ver os esforços impressionantes e espetaculares de uma equipe de técnicos que trabalhou para criar o duplo digital de Notre-Dame, usando um scanner a laser para obter imagens em três dimensões. O objetivo é criar "uma espécie de Google Earth da catedral", reunindo em uma plataforma colaborativa todo o conhecimento passado e futuro sobre o edifício. Para os pesquisadores, é necessário reunir "tudo o que se sabe sobre o edifício, desde esboços de construção até o levantamento 3D de seu estado atual", ao mesmo tempo em que são "capazes de integrar qualquer informação futura". Pois, em vez de uma "simples réplica em imagens sintéticas, trata-se mais de construir uma base de dados e conhecimentos inéditos".
Uma análise de materiais
Já em 2020, um ano após o incêndio e após a estabilização da estrutura, os pesquisadores se mobilizaram no projeto CNRS/Notre-Dame. "Preservação do patrimônio material, modelagem da estrutura e estudos acústicos", os programas de pesquisa lançaram as bases iniciais para a restauração, em colaboração com engenheiros e arquitetos. Um vídeo mostra como esses trabalhos foram estruturados.
O objetivo inicial era entender os materiais de Notre-Dame: madeira, pedra, ferro, chumbo... O que se sabia sobre os materiais usados na construção de Notre-Dame e as técnicas empregadas na época? Para responder a essa pergunta, as equipes de pesquisa analisaram uma variedade de materiais, "começando pela estrutura de madeira, essa floresta composta de milhares de carvalhos montada há oito séculos". Foram estudadas 2.000 peças de madeira, algumas intactas ou parcialmente consumidas.
Também surgiu a questão da reutilização dos materiais de Notre-Dame para as pedras da catedral. Deveriam ser encontradas as mesmas pedras em pedreiras hoje extintas, consolidá-las ou encontrar outras? Da mesma forma, um grupo de pesquisa sobre o metal de Notre-Dame foi lançado, com o objetivo de estudar o ferro e datá-lo. Datando o ferro da catedral, foi possível "reconstituir a história da alvenaria e da estrutura de madeira". Quanto ao chumbo, presente no telhado da catedral e em sua flecha, como havia derretido amplamente, seu estudo não foi fácil!
Mais desafiador ainda foi o som. O que é mais intangível do que o que se ouvia na catedral antes de ser destruída pelo fogo? Como "reconstruir o som de Notre-Dame"? Como escreve o CNRS, o grande órgão, em parte poupado pelo incêndio, não era "o único a ressoar em Notre-Dame". Por isso, pesquisadores tentaram "restituir a atmosfera sonora da catedral em diferentes épocas, mas também limitar o impacto dos trabalhos de restauração na acústica". Notre-Dame de Paris era conhecida por sua acústica extraordinária, que um par de pesquisadores analisou, especialmente com a captação do som ambiente feita em 2013. Estes trabalhos foram usados pelos arquitetos para restaurar a acústica e adaptá-la às circunstâncias e ao uso, especialmente para saber se os trabalhos atualmente em curso afetarão a ressonância do órgão.
Sobre o mesmo assunto
Notícias recomendadas

