UNOC-3: Todos pelo oceano

A Delegação Interministerial para o Mediterrâneo (DIMED), criada em 2013, é responsável por coordenar a organização desta Jornada Mediterrânea, no Centro Universitário Mediterrâneo de Nice. A DIMED conduz ações no âmbito da política francesa para a margem sul do Mediterrâneo, "tanto dentro dos serviços do Estado quanto entre esses serviços e outras entidades, públicas ou privadas", para trabalhar em questões de meio ambiente, economia, formação, inclusão e cultura.

Um hot spot de diversidade

Conforme destacado pela Delegação na apresentação desta Jornada, o Mar Mediterrâneo, um mar "semifechado que conecta três continentes", é fortemente marcado "por laços humanos, econômicos, políticos e históricos".

Os países que o cercam são densamente povoados (500 milhões de habitantes), a bacia do Mediterrâneo é a primeira zona turística mundial (300 milhões de turistas por ano), ao mesmo tempo em que concentra 30% do comércio marítimo mundial em apenas 0,8% da superfície marítima global. Segundo o ministério, o Mediterrâneo, que se tornou uma região estratégica em muitos aspectos, é hoje um "verdadeiro hotspot da biodiversidade", "mais fortemente ameaçado pelo aquecimento global do que o resto do mundo". Por isso, é objeto de uma "política positiva e inclusiva" por parte da França, visando "reforçar os laços entre os 23 Estados da bacia do Mediterrâneo e a cooperação multilateral".

A voz de quem se mobiliza

A Jornada Mediterrânea, que será aberta pelo Ministro da Europa e das Relações Exteriores, com a presença do presidente da Região Provença-Alpes-Costa Azul e do prefeito de Nice, além de numerosos representantes de países mediterrâneos, dará a palavra "àqueles que se mobilizam pelo Mediterrâneo". Entre eles, o ministério destaca a ação:

• Da Região Provença-Alpes-Costa Azul e das comunidades locais mediterrâneas que "discutirão a proteção da biodiversidade e a redução da poluição no litoral";
• Da União para o Mediterrâneo (UpM), que reunirá as instituições regionais "para discutir o fortalecimento das alavancas de apoio à inovação e ao desenvolvimento de uma economia azul sustentável, como a ferramenta de financiamento Blue Mediterranean Partnership", impulsionada notadamente pela UpM, uma ferramenta que visa arrecadar um bilhão de euros até 2030 para financiar projetos de economia azul sustentável;
• Do Plano de Ação para o Mediterrâneo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, com a participação dos ministros do meio ambiente mediterrâneos, para apresentar o balanço de suas ações e os grandes desafios para a proteção do Mediterrâneo, no âmbito do 50º aniversário da Convenção de Barcelona, convenção para a proteção do Mar Mediterrâneo contra a poluição;
• Do Grupo Varda, um grupo de serviço de consultoria estratégica e coordenação em questões ambientais e sociais, apoiado por uma Fundação internacional sem fins lucrativos, que destacará o papel essencial das sociedades civis "na construção de sinergias ecológicas e sustentáveis no Mediterrâneo".

2025, Ano do Mar

2025 é, na França, o Ano do Mar. Um ano para entender que "todos nós, e qualquer que seja o nosso território, temos o mar em comum", um ano que deve "dar um novo e duradouro impulso a todas as nossas ações relacionadas com o oceano", nas palavras da ministra da transição ecológica.

É por isso que, após duas primeiras edições organizadas em 2017 e 2022 em Nova York e depois em Lisboa, a França e a Costa Rica uniram-se para coorganizar uma nova Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (UNOC-3) em Nice, de 9 a 13 de junho de 2025.

A UNOC-3 pretende reunir sobre este tema todos os Estados-membros das Nações Unidas, as agências especializadas, a sociedade civil, o setor privado e os doadores internacionais para implementar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 14 sobre o ambiente marinho, "hoje o menos financiado de todos, com três prioridades, a fim de chegar a um projeto de acordo ambicioso", como sublinha o ministério responsável pelos negócios estrangeiros.

Este projeto de acordo tem como objetivo:

• Trabalhar para a conclusão dos processos multilaterais ligados ao oceano para elevar o nível de ambição para a proteção do oceano;
• Mobilizar financiamentos para conservar e explorar de forma sustentável os oceanos, os mares e os recursos marinhos para fins de desenvolvimento sustentável e apoiar o desenvolvimento de uma economia azul sustentável;
• Reforçar e difundir melhor os conhecimentos relacionados com as ciências do mar para uma melhor tomada de decisão política.

Vale ressaltar ainda que, pouco antes deste encontro internacional, a cidade de Nice também sediou o One Ocean Science Congress, organizado pelo CNRS e Ifremer (de 3 a 6 de junho), que se apresenta como o pilar científico deste evento e visa fornecer a todos os participantes "informações científicas completas sobre a saúde, a dinâmica e a trajetória futura do oceano, sobre sua conservação e exploração sustentável, bem como sobre os serviços que ele proporciona à humanidade".